Aminh’art

Xilogravura – Planta Liberdade LTDA

Título da Obra: Planta Liberdade LTDA.
Técnica: Xilogravura
Material:
Canson
Dimensão:
42,0 X 59,4 cm
Ano de execução: 2007

Descrição da obra:
Esta obra foi feita com a intenção de mostrar como é a figura de um trabalhador dentro de uma empresa. As separações em setores que, de tanto se preocupar em organizar, acabam gerando um verdadeiro isolamento de uns aos outros.
O coordenador deste espaço de trabalho não se preocupa com o “eu” do funcionário, mas sim com o cumprimento ao menor custo de sua função. Torna-se mais uma peça no meio de trabalho, um número na produção.
A estrutura da obra se baseia em uma planta com diagramas que exprimem tanto uma separação física em departamentos, como uma setorização que sustenta o funcionamento da empresa.
Textos, números e símbolos são integrados esquematicamente. O uso dos números traz uma idéia quantitativa. Os textos têm como objetivo definir e rotular não só o espaço, mas as pessoas que trabalham nesse ambiente. Os símbolos sugerem os efeitos de condutas interpessoais: tanto o operário quanto o patrão tem seus rostos apagados; um por fazer parte de uma massa anônima, o outro por estar distante hierarquicamente. O logotipo da empresa, o símbolo de radioatividade, traz a questão da contaminação como uma conseqüente transformação pessoal devido à necessidade da empresa. Abdicando excessivamente de seu tempo de vida ilusoriamente para si mesmo.

julho 31, 2008 Posted by | Sem-categoria | Deixe um comentário

Retrato de Suzanne Salvini

Retrato de Suzanne Salvini

Materiais:
Extrato de Nogueira
Pena de Bambú
Pastel seco

Dimensão: 42×59,4cm

A elaboração deste trabalho foi fruto de estudos e aprimoramento sobre Desenho da Figura Humana. Este trabalho consistiu em muita observação e soluções técnicas para tal resultado… mas há muito o que aprimorar.

julho 31, 2008 Posted by | Sem-categoria | Deixe um comentário

Caricaturas&SD

Estes são alguns dos trabalhos atuais sobre caricaturas e SD.
O primeiro é o técnico Parreira.
O Segundo é o meu irmão.
O Terceiro é o SD da minha modelo de desenhos, Ana Paula.
O Quarto é o meu companheiro de desenhos, Daniel.

julho 16, 2008 Posted by | Sem-categoria | Deixe um comentário

Jornada Cultural 2008 – UNIFIG – Arte Contemporânea na Escola

Jornada Cultural 2008 UNIFIG

Tema:
Arte Contemporânea na Escola 

Dias:
20, 21, 22/08

Para os respectivos dias estão previstas:
Palestras
Oficinas
Apresentações de Projetos de TCCs

Local:
Av. São Luiz, 315
Rua Dr. Sólon Fernandes, 155
Vila Rosália – Guarulhos – SP
CEP 07072-080
Tel: 6455-0333

julho 7, 2008 Posted by | Sem-categoria | Deixe um comentário

Mangá: Como o Japão Reinventou os Quadrinhos

(Recomendação do Blog)
Mangá: Como o Japão Reinventou os Quadrinhos

PAUL GRAVETT

Com a derrota na II Guerra Mundial, o Japão pôde enfim ser inundado com os bens de consumo e produtos culturais do Ocidente. Porém, em vez de se render às pretensas maravilhas do mundo ocidental, os japoneses as fizeram se adaptar a suas próprias tradições e as devolveram ao mundo como algo completamente novo. E o maior exemplo disso talvez sejam as histórias em quadrinhos. Em Mangá: Como o Japão Reinventou os Quadrinhos, Paul Gravett examina o surgimento de uma indústria poderosa, responsável por aproximadamente 40% de todo o material impresso no país. Ricamente ilustrado com páginas de desde os grandes clássicos dos mangás até os sucessos mais recentes, o livro é uma fonte inestimável de informação sobre o mais criativo e fascinante mercado de quadrinhos da atualidade.

  • Editora: Conrad

junho 21, 2008 Posted by | Sem-categoria | Deixe um comentário

Abertura do Anime Holy Avenger

O que estava nos quadrinhos pode tornar-se ANIME. Ainda não se tem dados oficiais desta produção, mas contamos que a equipe de Marcelo Cassaro possa dar seguimento a esta fabulosa produção de grande sucesso dos quadrinhos.
Esta é uma boa oportunidade de mostrar que nós brasileiros também temos produções artísticas de excelente qualidade. São votos à equipe de criação de Holy Avenger.

junho 18, 2008 Posted by | Sem-categoria | 1 Comentário

CURSO IMPACTO


O CURSO IMPACTO oferece um grande diferencial: os alunos estarão em contato com os artistas atuantes no mercado de quadrinhos; serão também incentivados à produção de projetos próprios e em grupo, sendo que os melhores trabalhos serão oferecidos para as editoras nacionais além de serem encaminhados à escritórios de agenciamento, visando uma possível publicação no mercado americano e brasileiro.

Acesse: http://www.impactoquadrinhos.com.br/escola/

maio 29, 2008 Posted by | Sem-categoria | 3 Comentários

Biografia de Amedeo Modigliani

Foi como se tivesse vivido há muito tempo. Foi como se tivesse vivido muito tempo. Os dados que se têm de sua biografia mal dão conta do que foi a aventura de sua existência. A biografia não explica a obra que deixou. E a obra é irredutível a rótulos em termos de escolas e tendências. Por isso, poucos se arriscam a responder, além dos fatos conhecidos, à pergunta aparentemente retórica: quem foi Amedeo Modigliani?
Amedeo Modigliani nasceu a 12 de Julho 1884, em Livorno, na Toscana. Modigliani é uma cidadezinha ao sul de Roma de onde uma antiga família judaica tirou seu nome. O avô de Amedeo era um rico banqueiro, mas o pai Flaminio, não passava de um pequeno homem de negócio, às portas da ruína. A mãe Eugénie Garsin, descendia de uma família de judeus sefarditas estabelecida em Marselha, na França, cujas origens remontam ao filósofo Espinosa. Amedeo era o quarto filho do casal.
A figura materna representou, com certeza, papel importante na formação do menino, o último e mais frágil dos irmãos. Viva, decidida, culta, de mente aberta, Eugénie esforçou-se para que a educação de seus filhos vencesse as estreitas fronteiras da província. Giuseppe Emmanuele, o primogênito, viria a ser uma das personalidades marcantes do movimento socialista italiano. Deputado, escolherá o exílio quando os fascistas chegam ao poder.
Eugénie sentia uma ternura toda especial por Amedeo, nascido tardiamente e na pobreza. Ela se perguntava no seu diário: “Será ele um artista?” A pergunta tinha seus fundamentos. No liceu de Livorno, onde o garoto estudava, os professores percebiam sua inclinação pelo desenho. Freqüentemente, porém, faltava às aulas. Motivo: doença. Em 1895, com onze anos, contrai pleurisia. Em 1898, febre tifóide com complicações pulmonares. Ocupa o tempo de repouso com leituras escolhidas pela mãe: poesia clássica e moderna, ensaios ricos de máximas, aforismos e sentenças (que tanto gostaria de citar de memória em conversas nos cafés de Paris), textos de história da arte.
Curado do tifo, o jovem começa seu aprendizado em pintura. A mãe o confia a Micheli, um representante livornês dos Macchiaioli – grupo de artistas florentinos, cujo ideal era um pintura realista, com fortes contrastes de luz e sombra. Uma das telas do estudante Modigliani foi achada anos depoi: é o retrato de um adolescente sentado. Não há paisagem: apenas luz fria de um estúdio. Nada nesse trabalho sugere a presença de um futuro mestre. É somente o trabalho de um aprendiz bem comportado.
Em 1901, Amedeo sofre uma recaída. Está ameaçado de tuberculose, diagnostica o médico. É melhor que passe uns tempos em região de clima mais saudável, aconselha. Dias depois, em companhia da mãe, o jovem segue para Capri, no sul. Depois Nápoles, Roma, Florença. Sempre interessado em arte, não escapa à sedução de Florença, matriculando-se na Escola de Belas-Artes. O ano é 1902.
Naquela época, Florença não significava apenas artes plásticas. Era também um centro de inquietas discussões de filosofia e literatura. Os jovens sonhavam com a glória dos poemas de D’Annunzio e se torturavam coms os tormentos de Nietzsche. Pessimismo e violência compunhavam a um só tempo a perspectiva de seu horizonte. E tramavam a tragédia de seus destinos: vários deles morrerão antes dos trinta anos, por doença ou suicídio. Por enquanto, vivos e desesperados, são os príncipes da juventude de Modigliani. D’Annunzio é seu rei. O “super-homem” de Nietzsche, sua mitologia. A pintura ocupa então um lugar quase secundário na atividade de Modigliani, posta de parte pelas intermináveis discussões que movimentavam as inquietas noites florentinas. É possível que seu temperamento inquieto não se satisfizesse com as tímidas inovações dos Macchiaioli. Tanto assim que, em 1903, ele troca Florença por Veneza, em cuja Escola de Belas-Artes se increve. Mas, ao invés de conduzir os estudos regulares, prefere circular pelas ruelas da cidade, olhar horas a fio os mosaicos da Igreja de São Marcos ou as telas elegante de Carpaccio expostas nas gallerie. Para os colegas, é apenas um diletante, um moço erudito que freqüenta museus para afugentar o tédio. Entretanto, Amedeo Modigliani escrevia ao amigo Oscar Ghiglia: “Escrevo para desabafar-me contigo e para afirmar-me diante de mim mesmo. Estou dominado pelo brotar e desaparecer de enregias fortíssimas. Queria, pelo contrario, que minha vida fosse um rio rico de abundância derramando alegria sobre a terra. A ti posso enfim dizer tudo: pois bem, sou rico e fecundo e tenho necessidade da obra. Eu agora possuo o orgasmo, mas é o orgasmo que precede o prazer, ao qual sucederá aatividade – vertiginosa e ininterrupta – da inteligência”.
Modigliani sonha com Paris. Como tantos outros, de outros países, via a sua terra natal como uma província confinada, cujo presente nada acrescentava às glórias artísticas do passado. Um jovem catalão realizou esse sonho em 1900. Chamava-se Pablo Picasso. Em 1904, foi a vez do italiano Brancusi. Em 1906, o espanhol Juan Gris, o russo Kandinsky. O italiano Modigliani.
O Modigliani que chega a Paris e se instala numa água-furtada da Rue Caulaincourt é um jovem de estrutura pouco abaixo da média, que veste todos os dias o mesmo paletó de veludo côtele e tem uma imensa vontade de seduzir o novo ambiente para afirmar-se e de afirmar-se para seduzir. “Seus cabelos pretos como as penas de um corvo circundam uma fronte poderosa”, descreve-o o escultor russo Zadkine. “Sua barba cortada rente é uma sombra azul em sua figura de albatroz.”
Raros porém são os que se dão ao trabalho de prestar atenção a mais esse estrangeiro. No bairro de Montmartre, habitado ou freqüentado por Van Dongen, Juan Gris, Salmon, Max Jacob, Braque, Derain, Dufy, Matisse, G. Apolinaire e J. Cocteau, já se pressentia que Picasso seria Picasso, mas nínguém se ocupava desse italiano interessado em belas jovens, boa poesia e que dizia frases do tipo “Eu adoro a filosofia”. Ainda eram poucos os que chamavam “Modi” ou “Dedo”. Ele vive à custa da mesada que a mãe regularmente envia e que lhe permite começar os meses faustosamente e terminá-los quase a zero.
Algum tempo depois de sua chegada a Paris, Modigliani dizia brincando que só havia encontrado um cliente para seus quadros – um cego. Não estava longe da verdade. O velho Léon Angeli, da Rue Gabrielle, quase cego, comprava metódicamente as telas dos jovens pintores, como alguém que joga ao mesmo tempo em vários números da roleta. No início da guerra de 1914, desesperado por falta de dinheiro, Angeli venderá a preços irrisórios toda a sua coleção e morrerá na miséria em 1921.
Por volta de 1908, Modigliani encontra o Dr. Paul Alexandre, marchand amador, que lhe dá o conforto de uma amizade, o calor de uma adimiração e a ajuda material de um comprador. O Dr. Alexandre não tinha muitos recursos, mas durante vários anos gastou o necessário para constituir uma coleção de “Modiglianis” que conservou, intacta e zelosamente, através das incertezas de duas guerras, recusando ofertas de venda cada vez mais fabulosas. Parece que, à excessão do Dr. Alexandre e de alguns amigos pintores que encorajavam Modigliani, nem os negociantes de quadros nem os profissionais tinham então a medida da importância de sua obra. Não que Modigliani fosse desconhecido. Mas certamente era subestimado. Reconhecia-se seu talento, mas não se via em seus retratos muita originalidade. O homem era boêmio e agressivo. O artista, um menino bem comportado. Para a maioria, sua pintura era “tímida”. E havia quem a julgasse até acadêmica.
Em companhia do Dr. Alexander, Modiglini – que se inscrevera na Sociedade dos Artistas Independentes – percorre as esposições de Cézanne ou Matisse, os pintores que, com Toulouse-Lautrec, mais despertavam seu entusiasmo. Vai ainda aos antiquários, à galeria de Paul Guilaume. No Museu Etnografia descobre a estatuária africana, como o fizeram tantos artistas de sua geração.
Em 1908, expõe pela primeira vez no Salão dos Independentes. Apresenta cinco telas e um desenho. São retratos cujo estilo lembra os períodos “azul” e “rosa” de Picasso, cujotraço sugere Gauguin. Tudo o que pinta ou desenha entre 1906 e 1909 dá a impressão de ser uma busca, uma pesquisa segundo o método do “ensaio-e-erro”. Menos quanto ao tema dos trabalhos, que permanecerá idêntico ao longo de sua obra inteira. Enquanto seus colegas volta e meia se dedicam à paisagem. Modigliani continua voltado para um único assunto, observa um único horizonte, só aceita uma única natureza: a figura humana. Sua carreira será toda ela a história de uma longa reflexão sobre o rosto de homens e mulheres. “Sua pintura”, escreveu um crítico, “tem o monotonia admirável da paixões.”
Com a exceção de alguns retratos de casais e de retratos de crianças lado a lado, Amedeo Modigliani jamais concebeu na pintura relações humanas que não fossem as do artista confrontado com seu modelo, nem outro problema de composição que não fosse o do ser humano – só – face ao espectador. O universo das paisagens ou dos interiores é só um fundo. Não interessa saber o cenário em que se movem os personagens. Não interessa mostrar criaturas datadas e situadas. Não interessam as miudezas do cotidiano.
No outono de 1909, Modigliani volta a Livorno. Enfrenta sérias dificuldades financeiras, sua saúde já se ressente dos excessos de álcool e de drogas e da falta de alimentação e repouso. No trem que o conduz à Itália, o artista não está pensando porém em seus problemas pessoais e sim nas conversas que mantivera ao longo dos últimos meses com seu mais recente amigo, Constantin Brancusi, o escultor. Este lhe falara com entusiasmo da arte negra e da estatuária primitiva que os antropólogos descobriram. Estimulara-o a trocar os pincéis pelo cinzel e a exprimir no mármore sua visão da figura humana. Ao descer na estação de Livorno, Modigliani está decidido: vai esculpir. Dias depois, já está debruçado na pedra. Trabalha com a convicção dos que descobrem uma nova verdade. Quando tem um conjunto razoável de peças prontas, chama alguns de seus antigos colegas para que as julguem. Mas eles balançaram a cabeça, são severos, desenrolam um sem-número de restrições. Modigliani contém-se para não brigar. Mas terá de libertar pela violência a frustração acumulada. Sem dizer nada a ninguém, coloca as esculturas num carrinho de mão, vai até um dos canais da cidade e joga tudo no rio. Até hoje nenhuma das peças foi recuperada.
De regresso a Paris, no anos seguinte, Modigliani voltará a esculpir, mas só esporadicamente. Aqui, o problema da falta de recursos se fará sentir. O preço da pedra era muito grande para alguém com tão poucas posses. Ele chegará a roubá-la, às noites, de casas em construção. E terminará por desistir do projeto.
Graças porém à sua experiência como escultor, Modigliani pôde expandir, na pintura, seus verdadeiros meios de expressão, completar sua procura de um ideal plástico. Da arte dos povos africanos, reteve o sistemático alongamento dos rostos, o tratamento geométrico do pescoço, o volume decidido e retilíneo do nariz – que tanto caracterizam seus retratos. Mas incorporou também as licões estéticas dos antigos celtas, das civilizações pré-colombianas, das culturas do Oriente – os ancestrais da arte moderna. Não se trata, contudo, de uma ruptura com o que se chama “a tradição clássica européia”, mas as fórmulas esteriotipadas que usurpam esse nome. Romper com o academicismo para estreitar os laços com a Academia Universal, com as revelações e conquistas de vários milênios de história de arte.
A guerra de 1914 conduz Modigliani a uma situação material ainda mais penosa. Muitos de seus amigos – entre eles o Dr. Alexandre – haviam sido mobilizados. Paris se esvaziava. As relações com a Itália, com sua família e a ajuda que de lá recebia tornavamse cada vez mais irregulares. Dizem que o artista tentou engajar-se, mas os médicos do Exército deram-no como inapto. De modo que só lhe restou ficar em Paris, na condição de civil. Foi então que conheceu seus piores anos de miséria. Mas foi então também que conheceu a poetisa inglesa Beatrice Hastings, com quem viverá dois anos e de quem dependerá para o sustento. Ainda assim, passou o ano de 1914 quase sem produzir nada. Afirmam seus estudiosos que, de um total estimado de 362 quadros, Modigliani pintou menos de uma dúzia entre 1913 e 1915.

A partir de então, porém, e malgrado todas a vicissitudes, a produção do artista se tornará mais e mais abundante. Ninguém duvida de que isso se deve a um obscuro exilado polonês com quem Modigliani travou conhecimento pela primeira vez n o começo de 1915: Léopold Zborowski, que tinha um pequeno negócio de quadros na Rue Joseph Bara. Zbo – como era chamado – foi para Modigliani um empresário, um companheiro, um cúmplice – um amigo. Enquanto o pintor trabalhava ou vagabundeava, Zbo, suas telas debaixo do braço, tentava enternecer e persuadir os grandes, os verdadeiros marchands para que comprassem as obras do jovem italiano desconhecido. Freqüentemente em vão. Freqüentemente o polonês voltava silencioso, os olhos em lágrimas. Contudo, aos poucos, seus esforços deram frutos.

Os colecionadores começaram a se interessar por suas obras, ao mesmo tempo familiares e estranhas, ora dirigidas a uma forma abstrata – à qual as figuras emprestam volume feitio -, ora voltadas à descoberta dos segredos do espírito humano.
Hoje, muita gente ainda se pergunta: o que é um Modigliani? É um retrato, de preferência um retrato de mulher, tratado segundo a tradição o retrato decorativo da escola italiana. O traço é sublinhado, constantemente visível. Percorre e organiza a superfície da tela obedecendo a um ritmo de grandes curvas melodiosas. Sugere o corpo humano mediante recurso a deformações arbitrárias: o pescoço e as mãos são desmedidamente alongados, o dorso é relativamente curto, a cabeça – diminuta com relação ao conjunto – é organizada em torno da linha vertical do nariz, e os olhos são pequenas amêndoas. Quase sempre, o modelo está sentado numa cadeira, numa atitude que mistura melancolia e indiferença ou uma sensualidade amortecida e pensativa. Em outras palavras, o que Modigliani exprime é muitas vezes melancolia serena e discreta ou uma estranha ternura ou uma sensualidade melodiosa. Nunca algo que seja “doentio” ou “perverso”. Sempre uma pintura inteligente.
É a inteligencia de Modigliani que explica a variedade de sua obra. Ela se traduz em seus retratos pelas variações da técnica: é a natureza do modelo que determina a escolha da expressão gráfica. E aí reside a inteligencia do artista. Pois as mudanças na técnica jamais são uma busca da forma pela forma. O que ele pretende dizer é que determina a linguagem a utilizar. Na aparente monotonia, Modigliani a cada vez renova sua paleta e reinventa uma linguagem. A vida nunca deixou de maravilhar o pintor, ainda que aos pouquinhos o fosse assassinando.
Foi em 1917 que o destino aproximou Modigliani da jovem que seria sua companheira para além da morte: Jeanne Hébuterne. Ele a amou e a pintou com toda a doçura de que era capaz. Procurou poupá-la ao máximo de suas próprias explosões de cólera, da ira que o ácool fazia subirà tona. Mas não pôde poupá-la da fome, da miséria, da incerteza, agravadas pela má saúde. Era difícil montar exposições; mais ainda, vender os quadros. Para chamar a atenção do público para uma exposição na galeria de Berthe Weil, na Rue Laffite, Zborowski teve a idéia de colocar quatro nus na vitrina. Mas a polícia chegou antes que os compradores e exigiu que as telas fossem retiradas a bem da moral. A mostra redundou em fracasso.
Apesar da carência e meios, consegue arranjar o suficiente para viajar a Nice a fim de não submeter seu organismo debilitado aos rigores do inverno de Paris. Ali encontra breve repouso e tempo para dedicar-se a Jeanne, que lhe dera uma filha em novembro de 1918. A miséria não o impedia de ter certos gestos, ao mesmo tempo absurdos e plenos de humanidade. O pintor Vlaminck lembra que num dia de inverno encontrou Modigliani no Boulevard Raspail observando o desfile de táxis como um general que passa sua tropa em revista. Um vento gelado mordia-lhe a pele. “Assim que me viu”, conta Vlaminck, “aproximou-se muito simplesmente, como se tratasse de uma coisa supérflua, disse: – Eu te vendo meu sobretudo; ele é grande demais para mim; em você cairá melhor.” Num dia como esse, Amedeo Modigliani seria capaz de sentar-se num café, desenhar indefinidamente e depois jogar as folhar para o alto como um milionário enlouquecido distribuindo sua fortuna. E se tivesse algum dinheiro ele se derreteria em suas mãos tão depressa quanto neve sob o sol. Horas mais tarde estaria remexendo em seus pertences para descobrir algo – uma valise, um capote – que pudesse vender.
Eu já conheço a vida, logo serei apenas cinzas”, confidenciava a Zborowski. De fato, os médicos jamais haviam diagnosticado meningite de origem tuberculosa. A outro amigo, Ortiz de Sarte, dizia: “Olhe, só me resta um pequeno pedaço de cerébro. Eu sei muito bem que é o fim”. Numa noite de janeiro de 1920, Modigliani acompanhava alguns amigos pela Rue de la Tombe-Issoire. Está bêbado, tiritando de frio, mal-humorado. Deixa-os quando resolvem entrar em casa de um deles. Senta-se a um banco, agredindo a noite gelada com as piores imprecações. No dia seguinte, delirando de febre e protestando violentamente, é transportado para o Hospital de la Charité. Ao deixar a casa, ainda encontra um momento para segredar a um amigo: “Já me despedi de minha mulher. Leve-a embora. Nós nos pusemos de acordo: nossa alegria será eterna”.
A 25 de janeiro morre no hospital. Segundo a lenda, teria murmurado ao expirar: “Querida, querida Itália”. Ao saber de sua morte, Jeanne – que esperava outro filho – foi até o apartamento de seus pais, no quinto andar de um prédio, e atirou-se pela janela.
É possível dizer da vida breve de Amedeo Modigliani que tenha sido uma sucessão de caprichos, bebedeiras e derrotas. De miséria e de tristeza. Muitos de seus comtemporâneos o consideravam um boêmio conservador, que buscava uma impossível reconciliação entre a tradição e a audácia. Enganaram-se. O verdadeiro Modigliani passou perto deles, quase invisível, como um personagem de conto de fadas, que dissimula sua identidade como um príncipe com roupa de vagabundo. Um príncipe que um dia escreveu: “A vida é um dom. De poucos para muitos. Dos que sabem e possuem aos que nem sabem e nem possuem”.
Modigliani soube. Modigliani possuiu.

Fotografia: Amedeo Modigliani e Jeanne Hébuterne

Imagens (de cima para baixo):

Auto-retrato (100 x 65 cm – de talhe;1919)
Museu de Arte Comtemporânea da Universidade de São Paulo.
Uma das telas do pintor. Severo na estilização que faz de si mesmo, Modigliani não consegue esconder a doença que o consome.

Retrato da Senhora G van Muyden, 1917
Museu de Arte de São Paulo.

Retrato de Diego Rivera, 1916.
Museu de Arte de São Paulo.

Retrato de Léopold Zborowski, 1917.
Museu de Arte de São Paulo.

Retrato de Jeanne Hébuterne (1898 -1920), Mulher de Amedeo Modigliani, 1918.
Óleo sobre tela. 92 x 60 cm. Coleção privada.

Referência Bibliográfica: Genios da Pintura, Abril Cultural, 1980


Filme:
MODIGLIANI – PAIXÃO PELA VIDA
Sinopse:
Ele revolucionou o mundo das artes como um cometa, dançando sobre as mesas, embriagado de paixão pela vida. Inspirado pelo amor e consumido pela obsessão. Ele é o famoso pintor italiano Amedeo Modigliani, um gênio criativo que viveu e absorveu a charmosa Paris do início do século 20 com uma atração incontrolável pela beleza. Sempre com a mesma intensidade, o judeu Modigliani amou a católica Jeanne Hebuterne e odiou o genial Pablo Picasso. Sua obra inesquecível e sua vida atribulada são agora retratadas neste lançamento imperdível da Universal Pictures que não pode ficar de fora de nenhuma prateleira de bom gosto.

maio 16, 2008 Posted by | Sem-categoria | Deixe um comentário

QUANTA ACADEMIA DE ARTES


A Quanta é uma escola dedicada ao ensino das artes gráficas e digitais. Todos os CURSOS foram formatados por nossos professores, profissionais de renome nacional e internacional, atuantes nas áreas em que lecionam: ilustração, histórias em quadrinhos, animação e computação gráfica.
Nosso compromisso é levar a sério a parceria firmada entre escola e aluno, tendo como meta principal ensinar com qualidade, não importando se o objetivo do aluno é ampliar seus conhecimentos artísticos ou tornar-se um profissional. Seja qual for a sua escolha, saiba que muitos de nossos alunos são hoje profissionais reconhecidos nacional e internacionalmente, a maioria deles apresentados por intermédio de projetos criados pela escola.

CONHEÇA NOSSOS CURSOS!

maio 1, 2008 Posted by | Sem-categoria | Deixe um comentário

Livro mostra como usar HQs em sala de aula e muito mais

Houve um tempo em que histórias em quadrinhos só entravam na escola se fossem escondidas no meio de um livro. E outro no qual “especialistas” do Ministério da Educação afirmavam que as HQs causavam “lerdeza mental”. Nos dias de hoje, porém, pesquisas indicam que a simples leitura de quadrinhos melhora a proficiência de alunos e, mais ainda, se bem utilizadas, elas podem ser uma forte aliada do professor em sala de aula. É o que defende – e explica como fazer – o cartunista e mestre em Educação DJota Carvalho, em A educação está no gibi, livro publicado pela Papirus Editora.
DJota, que também é professor de Teoria da Comunicação na PUC-Campinas e ministra palestras sobre como utilizar quadrinhos na escola há onze anos no projeto Correio Escola, conta no livro não só como o professor pode utilizar diretamente as HQs nas mais diversas disciplinas, como também faz uma mini-oficina ilustrada com dicas para produzir uma história em quadrinhos como trabalho multidisciplinar. “É possível usar Mônica e Cebolinha pra ensinar matemática, Super-heróis para Física e Química, quadrinhos Disney e Asterix para história, Xaxado e Príncipe Valente para geografia…não há limites. Na verdade, a única disciplina para a qual não achei uma forma de contribuir com as HQs é Educação Física. Por enquanto”, diz o autor.

A educação está no gibi tem prefácio de Fernando Gonsales, autor da tira Níquel Náusea, e a apresentação do livro é uma história em quadrinhos de quatro páginas, desenhada pelo premiado cartunista Bira Dantas. “O Bira colocou tantos detalhes e personagens de quadrinhos nos cenários da HQ que só ela já vale o livro”, diz DJota.
A obra tem sete capítulos, todos ricamente ilustrados, nos quais DJota primeiro explica um pouco sobre diferenças entre as artes gráficas (charge, cartum, HQs, tiras e caricaturas), depois fala sobre a história da HQ no Brasil e no mundo e, ainda, faz um histórico da conturbada relação entre HQs e educação no país.
“Achei importante contextualizar um pouco, para que o professor não caia de pára-quedas na história. Por isso mesmo, antes de entrar nos exercícios específicos, ainda falo um pouco sobre mangás, os quadrinhos japoneses que hoje em dia assustam muitos pais e educadores, e já ensino a fazer um exercício de português e estudo do folclore usando Dragon Ball, o mais popular dos desenhos do oriente”, conta.
Isso feito, o autor descreve vários exercícios utilizando HQs em matemática, português, física, biologia, inglês, química, literatura, geografia e história. Em geral, os exercícios propõe usar quadrinhos para explicar determinados conteúdos ou então mostrar como eles se inseriram em certos períodos e situações.
“São dois ou três exercícios por disciplina, às vezes mais. Há exemplos para uso no ensino infantil, fundamental e médio,e o professor pode fazer suas próprias adaptações ou até mesmo pedir ajuda, pelo e-mail disponibilizado no livro”, diz.
Por fim, no último capítulo, o autor dá dicas básicas, todas ilustradas, para professores e alunos produzirem histórias e até montarem um fanzine em sala, como atividade multidisciplinar. “Muitos professores tentam produzir uma história com os alunos em sala, mas sempre se defrontam com os mesmos problemas, como textos que não cabem em balões e a dificuldade em desenhar os quadrinhos, por exemplo. Por isso inclui uma mini-oficina no livro, para mostrar como superar estes problemas e transformar a atividade de fazer HQs em algo mais simples e divertido, mas ao mesmo tempo rico em conteúdo escolar”, diz.
Para DJota, as HQs são uma mídia atraente, financeiramente acessível e fácil de usar. “Tem gente que acha que quadrinhos são coisa de criança, mas eles são muito mais do que isso: são uma forma eficiente de melhorar o ensino e a relação professor/aluno”, conclui. O livro foi publicado pela
Papirus Editora, tem 112 páginas e está sendo vendido a R$ 28,50.
Texto e imagens extraídas do site: http://hq.cosmo.com.br/textos/hqcoisa/h0175_educa%E7%E3oest%E1nogibi.htm

abril 26, 2008 Posted by | Sem-categoria | 1 Comentário